quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Maratona de Amsterdam (parte 2)

Os postos de hidratação são uma lástima, tudo em copinho de papel com 150ml de líquido dentro...maior desespero, precisava pegar vários e pra isso praticamente caminhava. O gatorade deles era uma porcaria, na verdade era suquinho e não tinha sais, me ferrei com isso. Eu aconselho que se leve cápsulas de sal pra essa prova, mas a dosagem deve ser muito bem feita, converse com seu nutricionista pra não dar um piriri. No final eu estava esgotada, desidratada, quebrada, no último km praticamente me arrastei pra dentro do estádio, de novo a pista de atletismo tão linda e...o que vejo ? Um cara correndo de costas ? que louco ? xi, ele tá me dando a mão para cumprimentar...eu cumprimentei né...cada figura! Ele deveria estar com cãimbra ou coisa parecida. Mas cruzei a linha de chegada! yes! completei minha primeira maratona! Me disseram que era difícil, que os últimos 7 quilômetros são um inferno, que dói tudo e... É TUDO VERDADE! Pra mim, a parte mais difícil de uma corrida é a hora de tirar o chip do tênis. Na maratona essa dificuldade beira o impossível : como me inclinar para baixo ou dobrar as pernas sem cair me contorcendo de cãimbra ? Quem já fez uma maratona sabe do que estou falando...como, meu Deus? Como?! Eu tava toda travada! Não tive dúvidas : me joguei de bunda no chão. Tirei o bendito. E agora pra levantar ? Fuck! Como ninguém me conhecia mesmo, rolei de bruços no chão, apoiei as mãos e os joelhos e fui me empurrando pra cima. Que cena. Fui pro hotel andando, 2 km, catatônica, feliz porém sofrendo, doía tudo e a temperatura tava 9 graus e baixando. Enrolada no plástico fininho que eles dão na chegada, fui resmungando : abstrai, xixi, agora não dá, abstrai, fome, não tenho comida e tá tudo fechado porque é domingo, que frio, não porra, pensa em outra coisa vai andando que uma hora chega....e apareceu minha salvação! Encontrei um outro maratonista na mesma situação lastimável que a minha. Fomos juntos conversando sobre a prova, ele era de Israel, me contou da vida dele lá na terrinha prometida, da galera que tava lá em Amsterdam e....sem perceber, cheguei no hotel!
Ah, last, but not least : fechei a maratona em 3h28 (fiquei devendo...) e meu pai fechou a meia em 1h45.
Recomendo essa maratona pra quem gosta de eventos mais tranquilos, o número de pessoas é bem menor que Berlim e Paris. A galera que acompanha é bem animada, tem gente o tempo todo dando força, só diminui na parte rural. É plana, mas por causa do vento não são batidos recordes lá. O clima de Amsterdam é chuvoso, frio e venta, portanto se agasalhe. Na largada, o pessoal costuma levar um agasalho velho e jogar fora antes de começar a correr, eu gostei da idéia, na próxima farei isso também, a gente passa muito frio parado em pé.
No dia seguinte da maratona, suas pernas estarão em frangalhos, acorde tarde, vá para a estação central, pegue um trem para Bruxelas, sente num restaurante bacana, coma uma porção de mexilhão com batatas fritas acompanhado de um bom vinho branco (ou uma boa cerveja belga), deleite-se (isso é para as garotas) com os garçons te atendendo em francês (ulalá!). Vá para a praça central e, de sobremesa, coma os melhores chocolates do mundo com a consciência tranquilíssima e curta a vida!








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