Era maio de 2008 e eu e meu técnico, Marcos Paulo, já tínhamos decidido que eu faria o Ironman de Floripa em 2009. Eis que chega uma quarta-feira, no treino de pista do Ibira, o Marcos Paulo, do nada, vira pra mim e fala : "Thelma, você que é uma pessoa que leva a sério os treinos, se fizer uma maratona antes do Iron vai ser o bicho, você vai adorar" na hora comprei a idéia. Ao meu lado estava meu pai, ele havia acabado de comentar comigo que estava pensando em fazer uma meia maratona na europa no segundo semestre, mas não sabia se iria fazer novamente a Meia de Amsterdam ou a Meia de Praga. Em Amsterdam, a meia e a maratona acontecem no mesmo dia, no final de setembro. Nossa, na hora deu o clique : "pai, vamos juntos pra Amsterdam, eu faço a maratona e você faz a meia" E ele : "fechado, hoje mesmo vou fazer as reservas no hotel que eu fiquei no ano passado". E assim aconteceu, treinei para a maratona e fomos juntos pra lá. A prova era no domingo e chegamos na quinta-feira de manhã. O fuso era de +5 horas. Muita coisa, eu recomendo chegar na terça ou no máximo na quarta. Isso pesou no meu cansaço da prova.
A meia era de tarde e a maratona de manhã, largada às 10h. Começa tarde porque amanhece tarde por aquelas bandas nessa época do ano e faz frio...brrrr. Acordei cedo, tomei meu café da manhã cheio de geléia, pão branco e banana e fui sozinha, uma caminhada de 2km. A largada é nada mais, nada menos que no estádio das olimpíadas de 1928. Sim, ele estava completando 80 aninhos e foi completamente restaurado. Lindo. Fiquei sentada nas arquibancadas, num puuuta frio, uns 10 graus, esperando dar o horário de descer pra pista e ficar no meu setor de ritmo. Na inscrição eu informei meu ritmo esperado e no kit veio uma pulseirinha com a cor do meu ritmo, aí era só entrar no setor com a minha cor. Irritantemente organizado.
Mas estava no estádio, sentada, só urubuservando...era uma babel, em poucos segundos eu identifiquei umas 10 línguas distintas, sem brincadeira. Mas a maioria era de franceses. Fui no banheiro do estádio fazer um pips básico, uma mulherada italiana cacarejando alto...muito engraçado, peguei um gatorade holandês horroroso, um tal de AA Sports Energy Drink e fui pro meu setor. Lá conheci um....francês. Sim, eles eram muitos. O cara era bem simpático, não falava uma palavra em inglês e eu não falava uma palavra em francês. Mas conversamos, não sei como. Entendi até que ele queria fechar em 3h20, acho que não conseguiu porque vi ele sofrendo no km 21...
Bem, foi dada a largada pontualmente às 10h. Aí aconteceu o inimaginável, em emoção só perde pra chegada do Ironman : nós demos uma volta na pista de atletismo do estádio e pegamos o portão que dá na rua, nessa hora, o povo que tava lá na arquibancada assistindo, vibrava muuuuuito, eles gritavam muito (nossa, fiquei emocionada de novo agora, eita porra), davam muita força pra gente, como se a gente estivesse indo pra guerra, eu fiquei de tal forma emocionada que comecei a chorar, olhava em volta e tava todo mundo emocionado, UHUUUUU!!! Saí gritando. Como eles dão valor pra esse tipo de coisa, igualzinho aqui na S. Silvestre, que as pessoas vão assistir pra depreciar o atleta e tirar sarro das pessoas, mas, enfim, esse talvez seja um outro post.
O percurso é todo muito plano, na segunda metade da prova aparecem alguns desníveis, tipo passar embaixo de um viaduto, por cima de uma linha de trem, mas basicamente plano. O piso, em algumas partes, é ruim, um paralelepípedo liso por onde passa a linha do bonde, isso pode machucar o pé, então eu aconselho um tênis com mais amortecimento e cuidado, mas são trechos pequenos. Passamos por alguns pontos turísticos da cidade e saímos beirando o rio Amstel em direção a parte rural. A estrada é de asfalto e estreitinha, tudo em volta são sítios e pastagens e tinha até um moinho de vento de madeira! As famílas nas porteiras oferecendo água, as crianças batendo palma pra gente e, quando viam que na minha camiseta estava escrito Brasil, era uma festa : GO BRASÍLIA!!!! hehehe Nessa parte venta forte, é bem descampado, se puder ficar num bolo de gente, fique e se proteja, o vento desgasta. Aliás, se estiver "calor" no dia dessa maratona : leve um agasalho, se estiver frio : ponha luva e protetor nas orelhas, nesse trecho você vai precisar. Depois pode tirar. O retorno é nesse clima bucólico : o esperado km 21. Meia maratona completada! Só falta voltar e fazer tudo isso de novo! hehehe (continua...)
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