segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Nenhuma tecnologia substitui o treino


Participei de algumas provas de triathlon do campeonato brasileiro organizado pela CBTri.

Não fui bem em nenhuma delas, quebrei na corrida, nadei mal, etc mas me lembro bem de uma prova (apesar de ter feito de tudo pra esquecer) que fiz em Vitória, Espírito Santo. O pedal era num circuito super pequeno, acho que tinha uns 4k, então tínhamos de ficar contando o número de voltas, complicado isso, sair da água tonto e ter de controlar a hidratação, a alimentação, o tempo de prova, a galera te passando, o número da volta...chega uma hora em que a gente nem sabe mais onde está ou o que estamos fazendo ali...mas o mais curioso nessa prova foi ver um pessoal de bike marca "frankstein" com firma-pé ultrapassando todo mundo.

Eu estava tranquila, perdida entre um gel e uma volta quando passaram uns 3 assim por mim. Eu só olhei pra bike enferrujada, a camiseta de algodão ao vento dos caras e meu pensamento foi muito simples e sintético : "eita porra!". Comecei a rir junto com minha bike da época, uma Trek 5000. E não vi mais a cor de nenhum deles. Sumiram no hiper-espaço.

Apesar de ter escrito no post anterior que o investimento em alguns equipamentos aerodinâmicos vale a pena (se você tiver bolso pra isso), o mais importante sempre foi e será o treinamento. O número de horas que você dedica aos treinos de bike conta muito. Ao contrário da corrida que, se você ficar muitas horas, dias seguidos correndo (com excessão do Dean Karnasis, claro, mas ele é de Marte) se quebra todo, no ciclismo não, quanto maior a quilometragem, dia após dia, melhor. Logicamente se você estiver bem posicionado na bike e estiver com a saúde 100%.

Quando comecei no triathlon, eu tinha uma Fuji Newest. A bike mais simples da Fuji que também era uma marca mais "barateira", digamos. O Elpídio, meu mecânico, toda vez que eu levava a bike lá pra fazer revisão, insistia que descolava uma bike usada pra mim joinha-joinha...não, eu lá queria saber de outra bike ? Eu estava acostumada com ela! Ela me trazia alegrias! Em muitas provas, me lembro bem de um meio-iron em Pirassununga, eu ultrapassava alguns homens com super-máquinas e suas rodas cósmicas, fazendo aquele barulho de roda fechada : vrum-vrum. E eu lá, tico-tico-tico com minha Fuji Newest...fui....eles ficavam bravos, às vezes me xingavam, acreditem! O lance é que isso me divertia muito, primeiro, por eles serem patéticos por acharem que só comprando o top do top já resultava em um super pedal e segundo, porque, quando eles reclamavam, eu me sentia poderosa. Desculpem amigos homens do meu coração, mas de vez em quando a gente dá um troquinho aqui e outro ali nuns machistas, é bom demais.

Ah sim, quando finalmente a Fuji desistiu de mim (ela não parava de estourar raios), eu juntei uma grana e dei entrada numa Trek. Olha, eu melhorei uns 3 pontos de velocidade de cara (deveria ter ouvido o Elpídio...) e, como era de carbono, fiquei mais confortável também. Depois de muito tempo, investi na bike que tenho até hoje, a Cervelo P2. Outro salto de performance, bike TT, rodas Zipp, etc. Mas com alguns anos de triathlon nas pernas eu achava que merecia.

Bem, essas foram umas lembranças que me vieram à mente como um turbilhão e dei muita risada desses acontecimentos. Quem puxou tudo isso foi meu amigo blogueiro André Cruz, o Xampa. Ele me disse que acharia o máximo ver um cara de Caloi 10 e firma pé dando cacete na galera. Eu também!

P.S. brincadeiras à parte, pedalar na rua com firma pé é super perigoso, melhor pedalar com o pé solto ou com sapatilha (taquinho). Numa emergência, é rápido colocar o pé no chão ou se desvencilhar da bike. Quem já tomou rola de firma pé sabe do que estou falando.

4 comentários:

  1. Concordo com você. Equipamento não ganha prova nem dá perna pra ninguém. Mas que a gente fica melhor na foto fica. A P2C é uma das melhores relações de custo e benefício. Competitiva e pronta para upgrade. Se bem que a Ridley de TT do Nicolas me deixou com uma coceirinha.....vc ja viu? linda a bike e tem o top tube mais curto...hmmmm

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  2. Thelma, vc 'dá pau' em muitos homens.Até nos bem treinados e com equipamentos top.
    No ironman de 2006, tinha um cara lá do Amazonas, com uma bike super simples, sem rodas aero, correndo com um tênis que, se não estava furado, furou durante a maratona.Ele treinava natação em um dos muitos rios que passam perto da cidade que ele mora.Ele só chegou em Floripa porque a prefeitura da cidade comprou uma passagem prá ele e o Ken Glah deu a hospedagem. O sujeito fechou a prova em 9he35m.
    Resumo: ou treinamos ou não adianta muita coisa.

    Beijo,

    Bruno.

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  3. Muito divertido este post. Muito mesmo. Guardadas as devidas proporções,todo mundo já foi ultrapassado por quem "só aparentemente" não tem condições. JÁ TOMEI ROLA COM FIRMA PÉ (apertado)!

    Sinto vontade de me reconciliar com a Maria Lúcia (minha híbrida) e de engrenar uma relação verdadeira com a Brigite (minha speed abandonadinha na praia). No tempo certo, por enquanto ainda tenho de levantar de madrugada ou correr muito tarde da noite e ainda ouvir que sou egoista (normal para quem é casado).

    Excelente e divertidíssimo post.

    Abraço

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