terça-feira, 25 de maio de 2010

Claudia IRONtangy

"Iron" já se incorporou ao nosso dicionário esportivo, corrigido e revisado pelos triatletas. Tudo o que for mais que super, duper ou mega é "Iron". E ainda tem um sentido a mais, de resistência, força, determinação.
Eu não conheço pessoa que seja mais Iron que minha amiga Claudia Aratangy:
Iron friend
Iron sister
Iron mother
Iron girl
Iron lady
Iron wife
Iron teacher
Iron women
Iron runner
Iron biker
Iron writer
Iron blogger
Iron thinker
Iron ears
Iron heart
Iron adviser
Iron cupid
Iron soul
Iron athlete
IRONtangy!!!!

Tava na hora mesmo de ela encarar esse desafio e chacoalhar o Ironman de Floripa!

A prova de triathlon, o Ironman em si, é muitos menos Iron que ela. Miúda de estatura e biotipo, IRON na alma e no coração. ClaudINHA?! Que nada! É CLAU!!!!

Posso lembrar de várias coisas legais sobre ela, que partiram dela, que envolveram ela de alguma forma e que foram extraordinárias. Nunca me esqueço dos dias em que fiquei internada no hospital sozinha, ela me mandava torpedo TODOS os dias, religiosamente às 9h da manhã, sempre começava com : "Boletim das 9h ?". Várias vezes me colocou no telefone com os seus meninos para me animar, Martim, Félix, Jan. Um dia comentei com o Félix sobre brigadeiros, no outro dia estava ela lá no meu quarto com brigadeiro de colher que ela fez...hummm delícia. Espalhava pro pessoal que eu estava internada e o pessoal me ligava. Escreveu um post com meu nome, vejam vocês, em seu blog. Uma honra total.

Não ia no treino? Torpedinho pra saber o que aconteceu...

Não dava notícias há mais de 2 dias? Torpedinho: "Filipovitch!!!! Cadê você?"

Só me apresentou coisas boas até hoje! E mesmo quando a coisa não foi tão boa, gerou coisas muito melhores! Como o estreitamento da nossa amizade. E como ela mesma diria : "há malas que vão pro trem".

Em Pirassununga, no Long Distance do ano passado, era meu aniversário 1 dia antes da prova e adivinhem? Lá estava Claudia com seus mil contatos, ela conhecia a cidade por conta de um antigo namorado e conhecia uma doceira por lá. Surpresa: encomendou um cheese cake para comemorarmos de noite. Um dos melhores aniversários que já tive!

Voltando de um Troféu Brasil em Santos, em que eu estava sozinha no carro, ela se ofereceu para voltar comigo, me fazendo companhia e...contando um conto cheio de lições e de fundo moral. Fora a história da gravidez dos gêmeos dela, aos 38 anos, ficou meses de repouso completo...só mesmo uma Iron Belly (barriga) pra aguentar o babado todo.

Quem não conhece ainda seu blog está perdendo! Uma delícia de ler e inspirador.

E não pense você, caro leitor, que é privilégio meu. Não, não. Ela é assim com muitas pessoas, para cada uma, oferecendo o que ela tem de melhor, tentando resolver, aliviar ou, pelo menos, compartilhar os problemas de todo mundo.

Uau, muitas coisas brotam na minha memória mas chega, senão todo mundo vai querer ser amigo(a) dela e não queremos tanta concorrência... Minha homenagem a essa grande amiga, sem muito jeito mas com meu coração na ponta dos dedos, espero, minha irmã, que você curta muito esse momento em Florianópolis, a prova já foi, que foram esses dias e dias acordando de madrugada, pedalando do jeito que dava, cumprindo a planilha à risca, nadando com o ombro doendo, escovando e passando fio dental nos dentes de 3 pequenos, dando suporte, atenção e carinho para amigas e amigos, maridão no laço, coelhos nos pneus dos carros, carinho no Pudim, de olho no Theo entrando na adolescencia, tudo ao mesmo tempo agora. Domingo é só alegria, só diversão, só sorrisos, só curtição. O dia é só seu : com chuva, com sol, com os dois, frio ou calor, as leis do amor estarão ao seu lado, assim como meu pensamento, para que dê tudo certo. Só pode dar, você merece.

7 anos de D&D (Diabetes & Desportes)


É sempre uma honra poder abrir espaço aqui no blog para movimentos que envolvam o esporte e qualidade de vida de alguma forma. Há pouco tempo escrevi um post sobre super-atletas que eram diabéticos : Uma "doce" surpresa. Eles têm um site de informação para que os atletas diabéticos "troquem figurinhas" e se mantenham antenados com novidades e para que mais diabéticos descubram os benefícios do esporte através de seus exemplos.

Eu diria que os exemplos deles afetam a todos, não só diabéticos. Vejam o texto abaixo escrito pelos fundadores do projeto para comemoração dos seus 7 aninhos no dia do IM de Floripa. Parabéns e vida longa ao D&D!


Olá amigos ...

Já se passaram quase 7 anos desde que o Alexei e Eu começamos a imaginar o D&D. No IronMan de 2003 ele foi lá para me assistir e conversarmos sobre nossas idéias e ideais. Queríamos reunir de alguma forma as pessoas que tinham diabetes e que praticavam esportes.

Daquele papo nasceu nossa lista de discussão por emails e o nosso site. Desde então muitos se juntaram a nós, novas idéias surgiram, erramos, mas principalmente, aprendemos. E é assim que queremos continuar.

Bom, para comemorar estes 7 anos (semana que vem tem IronMan em Floripa!) redesenhamos todo o site. O anterior era bem fraquinho mesmo, e este está bem mais agradável aos olhos. Continuaremos a dedicar nossos esforços para que ele melhore a cada dia, não só na estética como também no conteúdo. E também para marcar este aniversário estamos inaugurando a sessão de entrevistas. A primeira, não por acaso, foi com o Emerson Bisan. Nossa expectativa é que no máximo a cada 10 dias tenhamos uma nova entrevista com alguma “personalidade”, ou seja, qualquer um de nosso grupo e até mesmo de fora dele.

E não só do site e da lista queremos viver. Temos muitos planos pela frente, mantendo sempre o que consideramos fundamental: trazer e compartilhar informações sobre o diabetes e as atividades físicas de modo que todos ganhem qualidade de vida.

Obrigado a todos que acreditaram nestas nossas idéias.

Att.

Marcelo Bellon & Alexei Caio

Fundadores do Diabetes & Desportes

http://www.diabetesedesportes.com.br/

terça-feira, 18 de maio de 2010

Endurance



Dia 29/05 acontecerá no litoral paulista a corrida de revezamento Bertioga-São Sebastião-Maresias que possui 75 km de extensão. Nessa prova podem ser formadas equipes de 9, 6, 3 ou 1 pessoa. Não por acaso, a categoria solo também é chamada de Survivor. Eu lembro que, ano passado, na pousada em que fiquei hospedada em Maresias, tinha um atleta que faria na categoria solo e nós (eu e vários profissionais do esporte, como personal trainners, prof. educação física, donos de assessorias, etc) praticamente parávamos tudo o que estávamos fazendo e em silêncio observávamos o "espécime" quando ele passava por nós: "uau...o cara vai correr 75km sozinho...".

Dia 30/05 teremos no litoral catarinense o Ironman Brasil, na praia de Jurerê Internacional, são 3.8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida. No Ironman só existe categoria solo e, mais que survivors, os atletas que cruzam a linha de chegada são chamados de IRONMAN ou IRONWOMAN. Se preparar para um Ironman, organizar a logística de alimentação, roupas e "kits roubadas", chegar lá e passar mais de 10 horas numa atividade física constante também é digno de parar e observar quem é esse atleta, do que ele é feito?

Fascínio: as provas de endurance exercem um certo fascínio nas pessoas em geral, imagina nas pessoas que estão envolvidas no esporte! A gente sabe o esforço, a dedicação, a determinação e as dificuldades que envolvem o treinamento para se chegar numa prova desta distância.

Loucura total: essas provas que vão acontecer aqui em terra brasillis no final de maio são longas, são difíceis, são duras. Uma, de 75 km categoria solo, é considerada uma ultramaratona difícil pelo percurso variado entre subidas, praias e trilhas, a outra, um triathlon de longa distância de proporções desumanas (ou alguém acha que correr uma maratona depois de pedalar 180km é normal?). O que dizer então de uma prova de corrida de 254 km (6 maratonas seguidas!!!) no deserto do Marrocos que dura 6 dias e de uma de triathlon que dura 3 dias e os atletas percorrem 515km no total em Big Island-Hawaii? Aqui no Brasil essas provas insanas ainda estão engatinhando, mas na europa são muito populares. Claro, essa Marathon des Sables de 6 dias no deserto do Sahara é um exagero total, mas provas de 70km a 100km são comuns.


Colocar corpo e mente à prova, ver do que somos feitos, do que somos capazes, o limite que a sociedade nos diz que é saudável ou possível é verdade? Um desafio pessoal completado nos dá uma força interior imensa. Para uns é completar 5k no revezamento Pão de Açúcar, para outros é ficar dias correndo no deserto do Sahara. Não importa, desafiar nossa própria natureza, extender nossos limites, isso mexe com o que de mais primitivo existe no ser humano: a sede de aventuras, de descobertas. Se não fosse por essa força, o homem ainda estaria encolhidinho nas florestas africanas, não teria se aventurado para o norte, e do norte para além mar...os tempos são outros, mas o homem continua quase o mesmo. Nossos instintos foram sendo domados pela nossa razão, mas eles continuam lá, ditanto vários comportamentos. Tem uma frase do Dean Karnazes (sempre ele) que ilustra bem isso : "Achamos que se tivéssemos todos os confortos possíveis, estaríamos felizes. E hoje estamos tão confortáveis que ficamos infelizes. Não há a sensação de conquista, de aventura em nossas vidas."


Vou participar do revezamento em trio feminino (chegamos em segundo lugar no ano passado!) na Bertioga-Maresias no dia 29/05 e dia 18/07 estarei no Rio para a maratona. Estou com um bichinho curioso em saber como seria completar os 75km da Bertioga-Maresias no segundo semestre categoria solo... será?

domingo, 16 de maio de 2010

Caminhando e cantando e melhorando o planeta

Quando tive uma TVP na perna esquerda, fiquei 1 semana de perna pro ar (literalmente) no hospital e depois que voltei para casa não poderia fazer nenhum exercício físico intenso ou de impacto por uns tempos. Para uma triatleta viciada em exercícios, que completava 5 treinos de natação, 5 de corrida, 4 de bike e 2 musculas por semana, não seria nada, digamos, natural, para mim, ficar completamente sedentária por tanto tempo. Não posso negar que engordar muito ou ficar com péssimo mau humor também faziam parte das minhas preocupações.

A única coisa que estava totalmente liberada para mim era caminhar. Eu resolvi fazer tudo a pé: punha minha mochila nas costas, uma água, uma fruta, um som no ouvido e ia caminhando e cantando e seguindo a canção... ia fazer meus exames periódicos a pé, aproveitava e caminhava um pouco mais na volta. Ia ao clube a pé, caminhava lá dentro nas arquibancadas do estádio de futebol, voltava ladeira acima a pé. Eu procurava as ladeiras para fazer o coração bater um pouco mais forte. Era muito bom chegar suada em casa na volta. Ia ao shopping a pé, lá dentro, optava sempre pelas escadas normais, xô escada rolante! No metrô: escada. Elevador nos prédios, independentemente do andar, eu estava fora. Subia de escada. Ia na boa, subindo devagar para seguir as ordens médicas.

Dessa forma eu consegui segurar a peteca sem engordar e, principalmente, sem perder a saúde física e mental. Devo admitir que nessas caminhadas pude pensar bastante na vida, mudar alguns pesos e conceitos. Passei a me perguntar se essas "facilidades" de locomoção eram realmente necessárias na nossa vida que, de repente, se todo mundo optasse, sempre que possível, pelo próprio motor, o mundo seria um lugar diferente. E não é exagero. Pense bem. As pessoas teriam mais saúde, portanto menos filas nos hospitais, mais disposição para produzir, criar. Os carros ficariam em casa mais tempo, portanto o ar ficaria menos poluído, diminuiria o trânsito, o barulho, o stress. E, viajando mais ainda no assunto: se estamos usando apenas nossa energia acumulada, economizamos também as fontes naturais (água, petróleo, cana de açúcar, etc) desonerando o planeta.

Aos poucos fui liberada para algumas atividades físicas, como natação e corrida. Só o ciclismo que ficou meio de lado por causa do anticoagulante. Nadar nunca foi muito a minha praia, então comecei a correr mais e acrescentei à minha corrida esse gostinho de liberdade que ganhei nas minhas caminhadas...correr na esteira, que já era um sofrimento, passou a ser um martírio. Somente em último caso. Então eu passei a correr pelos mesmos caminhos que antes eu fazia caminhando, só que me permiti ir mais longe, 20 a 25 km era uma distância bem comum para mim nesses dias. Agora era "correndo e cantando e seguindo a canção..."som no ouvido, gel no bolso, dinheirinho para a água, corria apenas pelo prazer de correr, sem metas, sem cobranças.

Hoje estou 100% curada e totalmente liberada para qualquer atividade física. Mas essas experiências mudaram minha visão sobre várias coisas, principalmente me fizeram pensar na real necessidade, em certas situações, de utilizarmos outros motores a não ser nosso próprio corpo. Eu ainda estou nesse exercício, mudando alguns velhos hábitos, encaixando a caminhada, a escada e a corrida onde possível e o resultado disso, mais que salvar minha saúde, foi abrir meus olhos para a questão da cidadania : contribuir para um mundo melhor. Talvez seja tão importante quanto.